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A angústia dos trabalhadores na China, obrigados a não trabalhar

Hu Aihua passou o feriado do Ano Novo Chinês com sua família, mas devido ao coronavírus, ficou confinado e não pode retornar ao trabalho em sua fábrica, assim como grande parte dos 290 milhões de trabalhadores do país bloqueados por quarentenas e restrições de circulação

AFP
04/03/2020 às 09:30.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:12

Hu Aihua passou o feriado do Ano Novo Chinês com sua família, mas devido ao coronavírus, ficou confinado e não pode retornar ao trabalho em sua fábrica, assim como grande parte dos 290 milhões de trabalhadores do país bloqueados por quarentenas e restrições de circulação.

Os trabalhadores migrantes que vêm do campo para trabalhar na cidade, um verdadeiro motor da indústria e dos serviços na China, costumam voltar para suas regiões de origem no feriado do Ano Novo Lunar.

O período de festas, prolongado devido ao vírus, terminou teoricamente há três semanas, mas em um país paralisado pela epidemia muitos não conseguiram se reintegrar em suas empresas, comprometendo a retomada da atividade.

Hu Aihua, de 39 anos, não pode mais deixar seu povoado natal em Hubei (centro), província epicentro da epidemia e que está confinada desde o final de janeiro devido a um severo cordão sanitário.

A família de Hu, sujeita a um confinamento draconiano, só pode comprar artigos de primeira necessidade por meio de pedidos telefônicos ao representante do bairro, segundo relatou à AFP.

"Continuo recebendo meu salário integral, mas isso não vai durar. Se nosso chefe não tiver renda, não poderá mais pagar tantos trabalhadores", teme Hu.

Vários colegas de Hu estão na mesma situação. Dos 600 funcionários do Jiangxi Jieneng Group, produtor de produtos sanitários em Jiangxi (centro), apenas a metade retomou o trabalho.

"E temos que continuar pagando os custos fixos, a água, a eletricidade, os salários", disse à AFP seu diretor-geral, Xu Hang.

A empresa assinou um empréstimo de 10 milhões de yuans (1,28 milhão de euros) para melhorar o caixa.

Além das administrações públicas e do setores financeiro, de saúde e comunitários, apenas 45% das outras atividades retomaram suas atividades, diz Lu Ting, economista da Nomura.

Liu Zhishuang, um trabalhador de 28 anos, está bloqueado há um mês com sua família na cidade de Anhui (leste).

"Impossível viajar! Os transportes não funcionam mais, os trens estão suspensos", conta.

Desde o início de fevereiro, apenas um membro de sua família é autorizado a sair de casa, e apenas por duas horas e a cada dois dias.

O mesmo acontece com Zhang Hongwu, 29 anos, que foi visitar sua família em Henan (centro) e não pode retornar a Xangai. "Não poderei mais voltar", lamenta à AFP. Agora tem procurado emprego em uma cidade próxima.

As empresas, com escassez total de mão-de-obra, buscam soluções: a gigante eletrônica Foxconn, fornecedora da Apple, propõe aos novos funcionários de Sichuan (sudoeste) um prêmio de 3.750 yuan (480 euros), segundo anúncio consultado pela AFP.

Uma zona industrial de Tianjin (leste) alugou 150 ônibus para buscar alguns de seus funcionários fora do município, segundo a agência Xinhua.

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