A emissária da ONU para Mianmar planeja uma viagem diplomáticapela Ásia para buscar uma saída para a crise desencadeada pelo golpe naquele país, mas não poderá se reunir com a junta militar que nesta sexta-feira(9) se opôs à sua visita
A emissária da ONU para Mianmar planeja uma viagem diplomáticapela Ásia para buscar uma saída para a crise desencadeada pelo golpe naquele país, mas não poderá se reunir com a junta militar que nesta sexta-feira(9) se opôs à sua visita.
A viagem de Christine Schraner Burgener ocorre em um contexto de crescente preocupação na comunidade internacional sobre a situação em Mianmar, cenário de manifestações diárias desde o golpe militar de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.
O saldo da repressão ultrapassou 600 mortos nesta sexta-feira, situação que levou o embaixador birmanês na ONU, Kyaw Moe Tun, a exigir mais sanções e medidas internacionais, como uma zona de exclusão aérea em seu país.
A diplomata suíça iniciou sua viagem pela Tailândia, embora também visite a China. Mas ela não será recebida em Mianmar, para onde solicita uma viagem há mais de dois meses para se reunir com os militares.
"Não permitimos isso. E não temos intenção de permitir agora", disse o porta-voz do conselho, Zaw Min Tun, à AFP nesta sexta-feira. Burgener confirmou que o conselho rejeitou sua audiência.
"Lamento que o Tatmadaw tenha me respondido ontem que eles não estão dispostos a me receber", ela tuitou, citando a autoridade do exército birmanês.
"Estou disposta a dialogar. A violência nunca leva a soluções duradouras", acrescentou ela, indicando que havia chegado a Bangkok.
Pelo menos 614 civis foram mortos desde 1º de fevereiro pelas forças de segurança na repressão às manifestações pró-democracia em Mianmar, de acordo com a Associação para Assistência a Presos Políticos (AAPP).
Mas o saldo pode ser muito pior: mais de 2.800 pessoas foram presas e muitas delas não são conhecidas.
Nesta sexta-feira de manhã, o sangue começou a ser derramado novamente. De acordo com socorristas, pelo menos quatro pessoas morreram quando as forças de segurança se lançaram contra barricadas de pessoas que protestavam contra o regime militar na cidade de Bago (também chamada de Pegu), cerca de 65 km a nordeste de Yangon.
A repressão não se limita ao interior do país. O embaixador birmanês em Londres, que apoia a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi, foi afastado de seu cargo, uma decisão condenada pelo Reino Unido na quinta-feira, que, no entanto, teve que aceitá-la.
Londres indicou que ofereceria proteção a Kyaw Zwar Minn, cuja "coragem" foi reconhecida pelo secretário de Estado britânico de Relações Exteriores, Nigel Adams, que se reuniu com ele.
Os Estados Unidos anunciaram sanções contra uma empresa estatal de produção de pedras preciosas birmanesa, para privar a junta de uma receita importante.
Por iniciativa do Reino Unido, o Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião informal nesta sexta-feira, na qual o embaixador birmanês, Kyaw Moe Tun, se rebelou contra a junta e pediu a imposição de uma zona de exclusão aérea, um embargo de armas e outras sanções para forçar a restauração da democracia.