O estilista japonês Kenzo Takada faleceu neste domingo (4) aos 81 anos, vítima do novo coronavírus, após uma carreira que "iluminou" a moda francesa com estampas florais e uma alegria serena
O estilista japonês Kenzo Takada faleceu neste domingo (4) aos 81 anos, vítima do novo coronavírus, após uma carreira que "iluminou" a moda francesa com estampas florais e uma alegria serena.
Kenzo Takada, que construiu um império da moda que vai de roupas a perfumes, morreu no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, na região de Paris, devido à covid-19, de acordo com um comunicado.
"Acredito ter trazido liberdade para a moda, na forma de vestir as roupas, de se movimentar, nas cores. A mulher Kenzo é uma mulher livre, bonita e dinâmica", confidenciou recentemente o estilista à AFP.
"Sua criatividade era incrível: bastava um traço de lápis, um gesto vivo, para ele inventar uma nova fábula artística, uma nova epopeia de cores que unia Oriente e Ocidente, seu Japão natal e sua vida parisiense", resumiu Jonathan Bouchet Manheim, diretor geral da K-3, a última empresa de design fundada por Kenzo, em janeiro.
Sua morte ocorreu em plena Fashion Week na capital francesa, na qual sua empresa apresentou na última quarta-feira sua nova coleção para a próxima primavera-verão.
Nascido em 27 de fevereiro de 1939 em Himeji, perto de Osaka, o tímido jovem Kenzo se apaixonou pelos desenhos e a costura, que eram ensinados para suas irmãs e proibidos para meninos.
Expulso de seu apartamento em Tóquio devido às Olimpíadas, o estilista deixou seu país em 1964 após estudar estilismo. Ele chegou de navio ao porto francês de Marselha em 1965 e ficou fascinado por Paris. Embora estivesse de passagem, ele se mudou em definitivo para a capital da França.
Porém, sua adaptação foi um desafio, principalmente pela dificuldade de comunicação em francês. "Tudo parecia sombrio para mim, até Saint-Germain-des-Prés", um bairro artístico emblemático de Paris, disse ele em 1999 ao jornal francês Libération.
Mas ele persistiu, batendo na porta de designers para apresentar suas propostas, e começou a colaborar com marcas de prêt-à-porter, como Dorothée Bis, Sonia Rykiel e Cacharel.
Em 1970, lançou sua primeira coleção com o nome de Jungle Jap, criada em uma pequena loja que decorou como uma selva. Seis anos depois, fundou sua própria marca apenas com o primeiro nome.
"Naquela época, os tecidos sintéticos estavam na moda em Paris e as roupas eram quase todas escuras. Aproveitei uma viagem ao Japão para comprar tecidos de algodão coloridos", conta em um livro dedicado à sua carreira.
Suas roupas, inspiradas tanto na moda parisiense quanto nos quimonos japoneses, mesclavam cores e estampas com ousadia. Em seus desfiles, as modelos dançavam e exalavam uma certa alegria de viver, típica do estilista.
Sua primeira linha masculina chegou em 1983 e o primeiro perfume, em 1988. Em 1993, a empresa foi adquirida pelo grupo de luxo LVMH por quase 500 milhões de francos (85 milhões de dólares).