INTERNACIONAL

Mulheres nômades continuam sua jornada após o sucesso de 'Nomadland'

O filme "Nomadland" foi coroado no Oscar no domingo, mas para as mulheres nômades que inspiraram a produção, muitas delas em situação precária, a jornada continua

AFP
30/04/2021 às 17:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 03:23

O filme "Nomadland" foi coroado no Oscar no domingo, mas para as mulheres nômades que inspiraram a produção, muitas delas em situação precária, a jornada continua.

Kathy Wardell passa atualmente pelo estado de Maryland, no leste dos Estados Unidos, onde conversou com a AFP.

Mas esta incansável viajante poderia perfeitamente atravessar o país, até o outro extremo, como Fern, a heroína de "Nomadland", com quem compartilha certas semelhanças.

Wardell tem 56 anos. Em outubro, começou a viver em tempo integral em seu motorhome. A etapa do dia é passada no acampamento Ramblin Pines, na cidade de Woodbine, no coração de uma região semirrural.

Sentada em uma cadeira dobrável em volta de uma fogueira, ela fala sobre "Nomadland": "Achei muito bom, um pouco deprimente".

O filme em que Fern, uma viúva em uma cidade em crise, deixa sua vida sedentária para iniciar uma jornada errante e cheia de incertezas, tem ecos de sua própria experiência.

"Minha vida estava começando a desmoronar. Minha carreira, meu casamento, a doença de minha mãe, que acabou morrendo", diz Wardell. Ela garante que levou vários anos para decidir levantar âncora.

Hoje está em um encontro convocado por uma organização chamada RVing Women, que tem mais de 2.300 membros em todo o país; mulheres que moram em seus motorhomes, de forma permanente ou ocasional.

A filial local da associação tem 150 mulheres, das quais cerca de trinta se reuniram neste acampamento no fim de semana. A maioria tem mais de cinquenta anos.

Segundo Lee Ensor, que coordena esse grupo, 50% das integrantes viajam sozinhas, sem marido, namorado ou outro companheiro. "Aumentou (...) As mulheres estão se aposentando e estão prontas para rodar", diz a octogenária.

Loretta Veney, de 62 anos, se juntou ao grupo RVing Women semanas depois que seu marido morreu de derrame em 2016, enquanto o casal estava acampando.

Ela jurou ao falecido marido que continuaria a viver ao ar livre e apenas trocou o motorhome de 12 metros que tinha com ele por um modelo menor.

"Consegui manter minha palavra, sem me preocupar em fazer isso sozinha", diz Veney.

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