INTERNACIONAL

ONU e observadores denunciam banho de sangue em novo dia de repressão em Mianmar

A ONU e observadores denunciaram dezenas de mortes neste sábado (27) na repressão militar em Mianmar, com cenas de violência "impactante", em um dia no qual a junta golpista organizou um desfile de soldados na capital

AFP
27/03/2021 às 15:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 03:59

A ONU e observadores denunciaram dezenas de mortes neste sábado (27) na repressão militar em Mianmar, com cenas de violência "impactante", em um dia no qual a junta golpista organizou um desfile de soldados na capital.

"Ao menos 89 pessoas morreram até a noite", afirmou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP), uma ONG que monitora o número de mortos desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro.

"Estamos recebendo informações sobre dezenas de mortos, incluindo crianças, centenas de feridos em 40 localidades e detenções em massa", escreveu no Twitter o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que alertou para uma "violência impactante".

A porta-voz do organismo da ONU, Ravina Shamdasani, disse que não foi possível corroborar as informações com fontes independentes, mas que o Alto Comissariado recebeu "múltiplos relatos confiáveis".

"Até o momento, os balanços de mortos oscilam entre 83 e 91, com centenas de feridos. Temos quatro relatos de crianças mortas, incluindo um bebê", afirmou.

O país asiático está em uma profunda crise desde que os militares derrubaram o governo civil de Aung San Suu Kyi, o que desencadeou uma grande revolta.

O Reino Unido advertiu que a jornada extremamente violenta, que pode ser a mais letal em dois meses, estabelece um "novo mínimo" para a junta.

O dia começou com uma demonntração de força da junta militar, por ocasião do Dia das Forças Armadas.

Milhares de soldados, tanques, mísseis e helicópteros passaram por uma grande avenida da capital, Naypiydaw, diante dos generais e seus escassos convidados, incluindo as delegações da Rússia e da China, países que não condenaram o golpe.

O líder da junta, o general Min Aung Hlaing, voltou a defender o golpe e citou uma suposta fraude nas eleições de novembro, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi. Também prometeu ceder o poder após novas eleições.

"A democracia que desejamos seria uma democracia indisciplinada se a lei fosse violada e não fosse respeitada", disse.

A violência explodiu em todo o país durante a tarde. Em Yangon, colunas de fumaça eram observadas na antiga capital do país, que se tornou o foco das manifestações nas últimas semanas.

A partir de depoimentos e declarações de membros dos serviços de emergência, a AFP conseguiu confirmar pelo menos 25 mortes.

A região central de Mandalay foi cenário de uma onda de caos e distúrbios. As forças de segurança abriram fogo de maneira indiscriminada e em cinco cidades morreram pelo menos 10 pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos em Meiktila.

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