Os Estados Unidos e o Irã classificaram como "construtivas" as negociações indiretas iniciadas nesta terça-feira(6) em Viena para tentar salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano
Os Estados Unidos e o Irã classificaram como "construtivas" as negociações indiretas iniciadas nesta terça-feira(6) em Viena para tentar salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano.
"Vemos isso como um passo construtivo e, certamente, bem-vindo", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Seu país participa de maneira indireta das conversas pela primeira vez desde que Joe Biden chegou ao poder.
Em vídeo transmitido pelo Irinn, o canal estatal de informação, o chefe da delegação iraniana, Abbas Araghchi, considerou que "como um todo, o encontro foi construtivo".
"A reunião e a comissão mista foram frutíferas", anunciou o embaixador russo para as organizações internacionais, Mikhail Ulianov, após uma reunião de duas horas dos membros do Plano de Ação Integral Conjunto (PAIC): Irã, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia, sob a mediação da União Europeia (UE).
"A restauração" do acordo alcançado em 2015 e prejudicado pela retirada em 2018 dos Estados Unidos "não acontecerá imediatamente", tuitou o diplomata. "Mas o mais importante (...) é que o trabalho prático para alcançar este objetivo começou".
Dois grupos de especialistas "se reunirão durante 15 dias, um mês, não sabemos", informou um diplomata europeu da capital austríaca. A comissão mista pretende se reunir novamente na quarta-feira à tarde.
As negociações ocorrem em um hotel de luxo da capital austríaca, a dois passos de outro grande hotel onde está a delegação americana.
Os Estados Unidos, cujo enviado Rob Malley chegou ao meio-dia em Viena, estão sendo informados sobre o progresso das conversas através dos europeus, já que Teerã rejeita qualquer contato direto.
"Devemos aproveitar este espaço diplomático para redirecionar o PAIC", destacou no Twitter o secretário-geral adjunto do Serviço Europeu de Ação Externa, Enrique Mora.
Washington enviou sinais positivos ao afirmar que "para o respeito (ao acordo de Viena) voltar, será preciso levantar essas sanções que estão em contradição com o acordo (...) sobre a energia nuclear" iraniana, segundo palavras do emissário americano Rob Malley ao canal PBS.
O Irã classificou nesta terça essas declarações como uma "posição realista e promissora" que "pode ser o início da correção de um mau processo que paralisou a diplomacia".
Quando as medidas punitivas que sufocam a economia iraniana forem levantadas, Teerã prometeu cumprir com suas obrigações nucleares, das quais se libertou progressivamente após a retirada dos Estados Unido do acordo.
Araghchi exigiu "o levantamento das sanções de uma vez".
O novo presidente americano afirmou que está disposto a voltar ao acordo assinado em 2015 em Viena, o qual busca que o Irã não produza armas atômicas.
Seu antecessor Donald Trump denunciou o acordo unilateralmente em 2018 e restabeleceu as sanções contra Teerã, tornando-as inclusive mais rígidas.
"Ficamos preocupados com os programas de mísseis balísticos do Irã (...) e suas atividades da região. Queremos falar disso. Mas nos interessa abordar o assunto quando deixarmos de lado a atual questão nuclear", disse Malley à rádio NPR.